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Manejo Integrado de doenças na cultura do milho safrinha

Atualizado: 25 de jul. de 2023

O milho já se consolidou como a principal cultura plantada em segunda safra, nas diversas regiões produtoras do país. Isso se deve principalmente à sua importância no manejo de rotação das culturas e à possibilidade de um incremento de renda na entressafra.

Mas não devemos esquecer que apesar de não ser a safra principal, a safrinha demanda todas as práticas de manejo fitossanitários, pois a maior flexibilidade da época de semeadura pode resultar no aumento de ocorrência de doenças. A planta de milho fica presente no campo praticamente o ano todo, e os patógenos podem sobreviver tanto nas plantas vivas quanto em restos culturais, provocando o agravamento dessas doenças na cultura.


Várias são as espécies de fungos, bactérias, vírus e nematóides que podem infectar a planta de milho e causar doença, em qualquer parte (nas folhas, nas espigas, no colmo, nas raízes ou, de forma sistêmica, na planta inteira), prejudicando de forma diferenciada o desenvolvimento e a produção da planta de milho, e causando danos variáveis em função da intensidade de ocorrência.


Abaixo seguem descritas algumas das principais doenças que encontramos no Milho e qual manejo recomendado:


Antracnose (Colletotrichum graminicola)

Na fase foliar, a doença caracteriza-se pela presença de lesões de formas variadas, sendo às vezes difícil o seu diagnóstico. Nas nervuras, é comum a presença de lesões elípticas com frutificações. Esse fungo sobrevive nos restos da cultura do milho e é transmissível por sementes.

Manejo da doença: Plantio de cultivares resistentes. A rotação de cultura é essencial para a redução do potencial de inóculo presente nos restos de cultura

Sintoma da antracnose foliar do milho

Sintoma da antracnose foliar do milho (Colletotrichum graminicola) | Fotos: Rodrigo Véras da Costa


Cercosporiose (Cercospora zea-maydis e C. sorghi f. sp. maydis)

Tem a capacidade de redução de 20 a 60% na produção do milho, dependendo da suscetibilidade do híbrido e do clima. Caracteriza-se por manchas de coloração cinza, retangulares a irregulares, com as lesões desenvolvendo-se paralelas às nervuras. Pode ocorrer acamamento em ataques mais severos. A disseminação ocorre através de esporos e restos de cultura levados pelo vento e por respingos de chuva. Os restos de cultura são, portanto, fonte local e fonte para outras áreas.

Manejo da Doença: Plantio de cultivares resistentes. Evitar a permanência de restos da cultura de milho em áreas em que a doença ocorreu com alta severidade para reduzir o potencial de inóculo. Realizar rotação com culturas como soja, sorgo, girassol, algodão e outras, uma vez que o milho é o único hospedeiro da Cercospora zeae-maydis. Para que essas medidas sejam eficientes recomenda-se a sua aplicação regional (em macro-regiões) para evitar que a doença volte a se manifestar a partir de inóculo trazido pelo vento de lavouras vizinhas infectadas

Cercosporiose do milho

Cercosporiose do milho (Cercospora zeae-maydis) | Fotos: Luciano Viana Cota


Ferrugem Polissora (Puccinia polysora); Ferrugem Comum (Puccinia sorghi); Ferrugem Tropical ou Ferrugem Branca (Physopella zeae)

Polissora: Pústulas circulares a ovais marrom claras, distribuídas na face superior das folhas e com menor abundância, na face inferior da folha. A ocorrência da doença é dependente da altitude, ocorrendo com maior intensidade em altitudes abaixo de 700m

Comum: As pústulas são formadas na parte área da planta e são mais abundantes nas folhas. Em contraste com a ferrugem polissora, as pústulas são formadas em ambas as superfícies da folha, apresentam formato circular a alongado e se rompem rapidamente.

Branca: Pústulas brancas ou amareladas, em pequenos grupos, de 0,3 a 1,0mm de comprimento na superfície superior da folha, paralelamente às nervuras. Por ser um patógeno de menor exigência em termos de umidade o problema tende a ser maior na safrinha.


Manejo da Doença: Plantio de cultivares com resistência genética. Os plantios contínuos tendem a agravar o problema causado pelas ferrugens em geral. Recomenda-se a alternância de genótipos e a interrupção no plantio durante um certo período.

Sintomas da ferrugem polissora no milho

Sintomas da ferrugem polissora no milho (Puccinia polysora Underw.)| Foto: Rodrigo Véras da Costa


Sintomas da ferrugem comum do milho

Sintomas da ferrugem comum do milho: pústulas de coloração marrom claro apresentando halo amarelado (A); coalescência de pústulas apresentando necrose foliar e bordos arroxeados; detalhe do formato alongado das pústulas (C)| Fotos: Rodrigo Véras da Costa


Pústulas de aspecto pulverulento e coloração esbranquiçada, características da ferrugem branca do milho

Pústulas de aspecto pulverulento e coloração esbranquiçada, características da ferrugem branca do milho | Foto: Rodrigo Véras da Costa


Helmintosporiose (Exserohilum turcicum)

No Brasil o problema tem sido maior em plantios de safrinha. As perdas podem atingir a 50% em ataques antes do período de floração. Os sintomas característicos são lesões alongadas, elípticas, de coloração cinza ou marrom e comprimento variável entre 2,5 a 15cm. A doença ocorre inicialmente nas folhas inferiores. O patógeno sobrevive em folhas e colmos infectados. A disseminação ocorre pelo transporte de conídios pelo vento a longas distâncias.

Manejo da Doença: O controle da doença é feito através do plantio de cultivares com resistência genética. A rotação de culturas é também uma prática recomendada para o manejo desta doença.

Sintomas da helmintosporiose

Sintomas da helmintosporiose (Exserohilum turcicum) em milho | Foto: Luciano Viana Cota


Enfezamentos: Pálido (Spiroplasma) e Vermelho (Phytoplasma)

Os enfezamentos do milho, causados por Spiroplasma e por Phytoplasma, são considerados doenças importantes para a cultura do milho por afetarem a produtividade desse cereal e por sua ocorrência generalizada nas principais regiões produtoras. Essas doenças são transmitidas e disseminadas por uma cigarrinha de cor palha, tamanho de 0,5cm, denominada Dalbulus maidis.


Enfezamento pálido: Os sintomas característicos são estrias esbranquiçadas irregulares na base das folhas que se estendem em direção ao ápice. Normalmente as plantas são raquíticas devido ao encurtamento dos entrenós e pode haver uma proliferação de espigas pequenas e sem grãos. Quando há produção de grãos, eles são pequenos, manchados e frouxos na espiga. As plantas podem secar precocemente.


Enfezamento vermelho: Os sintomas típicos dessa doença são o avermelhamento das folhas, a proliferação de espigas, o perfilhamento na base da planta e nas axilas foliares e encurtamento dos entrenós

Controle: O controle mais eficiente é a utilização de cultivares resistentes. Outras práticas recomendadas para o manejo dessas doenças são: evitar semeaduras sucessivas de milho, fazer o pousio por período de dois a três meses sem a presença de plantas de milho e alterar a época de semeadura, evitando-se a semeadura tardia do milho. Além do controle da cigarrinha Dalbulus maidis.

Sintomas de Enfezamento Vermelho

1. Sintomas de Enfezamento Vermelho 2.Sintomas de Enfezamento Pálido | Foto: Rodrigo Véras da Costa


Por: Ana Flávia Souza

 

Fontes:

E.O.SABATO, 2014. Doenças do Milho. SOCIEDADE BRASILEIRA DE FITOPATOLOGIA (SBF) EMBRAPA, Circular técnica 83 EMBRAPA REVISTA BRASILEIRA DE MILHO E SORGO.

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