O Girassol (Helianthus annuus) é um cultivo versátil e sua produção pode ser direcionada para alimentação humana ou animal, além de ter uso ornamental. Responde a 13% de todo o óleo vegetal produzido no mundo e está ganhando força e destaque no mercado consumidor.
Segundo dados da CONAB, os estados com maior produção no Brasil são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, sendo o primeiro, responsável por cerca de 60% do total produzido. Na safra 2019, o país produziu cerca de 150 mil toneladas de grãos da planta.
O preço da saca do girassol gira em torno de R$72,00 (IFAG, consulta janeiro de 2020), sendo uma excelente alternativa de produção em segunda safra ou rotação de culturas. Entretanto, para ter sucesso no cultivo é importante conhecer os principais aspectos da planta e como manejá-la a fim de garantir a melhor produtividade.
Girassol na safrinha
O girassol é um cultivo que se adapta bem à diferentes regiões e fotoperíodo. Apresenta excelente produtividade no período safrinha e pode substituir milho e sorgo. Por apresentar um sistema radicular profundo que atinge diversas camadas do solo, apresenta boa tolerância ao estresse hídrico e não necessita de irrigação. É bastante tolerante a pragas e doenças e é capaz de produzir cerca de 5,0 toneladas/ha de restos culturais ricos em nutrientes, e que deixados no solo beneficiam a cultura em sucessão. Pode ser cultivado em quase todas as regiões agricultáveis do Brasil e está crescendo em área de produção principalmente no nordeste do país.
Escolha da Cultivar
Para a escolha certa da cultivar é importante estar atendo para as características edafoclimáticas de cada região. Além disso, optando pelo cultivo em segunda safra, é fundamental encontrar a melhor cultivar para ser utilizada no período pós-colheita. No mercado são disponibilizadas cultivares de ciclos precoces, médias e tardias. Também é importante utilizar a cultivar adequada para cada finalidade que pode ser para fins industriais (alto teor de óleo entre 40% e 50%) ou alimentação humana e animal (baixo teor de óleo 30%).
Condições climáticas
De forma geral, o girassol se adapta muito bem a baixas temperaturas em diferentes fases de seu ciclo. Entretanto, na época de formação do botão floral, as temperaturas não podem estar abaixo dos 10°C, pois pode ocorrer a queima do mesmo, dando origem a flores sem importância econômica. O frio intenso também pode afetar a quantidade de polinizadores fundamentais para produção dos grãos, pois na ausência destes insetos, a planta pode sofrer abortamento das flores. Em temperaturas muito elevadas, o girassol produz óleo de qualidade inferior, devido a menor presença do ácido graxo linoléico.
Necessidade de adubação
O girassol é um cultivo bastante sensível a solos ácidos. Para seu cultivo é indicado solos corrigidos (pH CaCl2 > 5,2), profundos, férteis e bem-drenados. Os macronutrientes (N-P-K) devem ser aplicado de acordo com a necessidade descrita na análise de solo. O nitrogênio deve ser aplicado na semeadura e em cobertura, 25 dias após a emergência das plântulas.
O micronutriente mais importante é o boro, sendo que sua ausência no solo pode reduzir a produção em até 60%. Sua deficiência causa plantas pequenas, quebradiças e espessas, plantas sem capítulos, deformadas e “grãos chochos”. É recomendado realizar sua aplicação via solo.
O cultivo têm baixa resistência à acidez e compactação do solo, por isso, o ideal é cultivá-lo em áreas que adotem práticas de manejo que melhorem as características físicas do solo. O plantio direto é altamente recomendado nesta situação.
Época de semeadura
A recomendação para a semeadura é entre a segunda quinzena de fevereiro e a primeira quinzena de Abril, o ciclo varia entre 110 e 130 dias, dependendo da cultivar e época de semeadura. A população adequada para o cultivo é de 40.000 a 45.000 plantas por hectare.
Plantas invasoras
É recomendado que nos primeiros 40 dias do ciclo do girassol, a área esteja limpa de plantas invasoras. Isto se deve principalmente à dificuldade apresentada pelo girassol em competir com outras plantas, nos primeiros estágios de seu desenvolvimento. Os herbicidas Trifluralin, Alachlor e Sethoxydin são específicos para o cultivo e apresentam excelentes resultados. Não deve-se semear girassol em áreas com aplicação de herbicidas do grupo das imidazolinonas e triazinas, pois o cultivo é sensível a estes. É recomendado esperar 150 dias após a aplicação destes, para dar início a semeadura do girassol.
Principais pragas e doenças
Os principais insetos praga associados ao cultivo são a lagarta-preta (Chlosine lacinia), os percevejos (Nezara viridula Euchistos heros e Piezodorus guildini) e a larva-alfinete (Diabrotica speciosa). É importante salientar que estas pragas podem migrar do cultivo anterior (safra), para o girassol na safrinha. Por isso, monitorar estas espécies é fundamental para o sucesso das duas culturas produzidas, seja na safra ou na safrinha. Um ponto importante é a aplicação de inseticidas. Como o cultivo do girassol depende da polinização, é importante não fazer uso de defensivos químicos no período de maior atuação dos insetos polinizadores. Este manejo também permite que inimigos naturais se desenvolvam no ambiente e auxiliem no controle das pragas.
As doenças associadas ao cultivo são: mancha-de-alternária que reduz a área foliar por danificar caule, folhas, capítulos e aquênios e; a podridão-branca, que afeta a raiz, colmo, caule e capítulo da planta e é a principal doença do cultivo. A rotação de culturas é o método mais indicado para controle destas doenças no girassol.
Hora da Colheita!
Para a colheita a umidade dos grãos deve estar entre 14% e 16%. Existem no mercado maquinários específicos para a colheita do girassol, entretanto, é possível adaptar a plataforma de colheita do milho para o cultivo. Este é um processo simples, de fácil execução e baixo custo.
REFERÊNCIAS
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos 2018/2019. Janeiro de 2019.
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