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Ponte verde: pragas e doenças em plantas de cobertura

Atualizado: 24 de jul. de 2023

As plantas de cobertura representam um importante papel na proteção do solo contra processos erosivos e lixiviação de nutrientes, são excelentes fornecedoras de palhada para o funcionamento do Sistema Plantio Direto (DPD), além do uso de muitos cultivos para produção de grãos e sementes, pastoreio, feno e silagem. O cultivo de lavouras em sequência, também conhecido como ponte verde, permite a produção de três safras anuais, intensificando a agricultura. Entretanto, ao mesmo tempo que o cultivo intensivo representa maiores ganhos para o produtor, também serve como hospedeiro para insetos praga e microrganismos fitopatogênicos. E por encontrarem hospedeiros disponíveis continuamente, as pragas e doenças acabam sendo disseminadas entre cultivos e se perpetuando no campo o ano todo.  Esse cenário representa um grande risco fitossanitário para a safra principal, com a presença de pragas e doenças em maior frequência causando danos a lavoura cada vez mais cedo.

No artigo de hoje vamos conhecer algumas das principais pragas e doenças em sistemas de cultivo intensivo, para que o produtor possa se prevenir e escolher a melhor cobertura para seu solo.

Conheça algumas pragas de sistemas intensivos:

Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea)

É um inseto bastante polífago, causando danos em lavouras de milho, soja e algodão, além de plantas de cobertura como o capim braquiária. Seus danos são ocasionados por ninfas e adultos, através da sucção da seiva e injeção de substâncias tóxicas, que causa atrofiamento das raízes e dificulta o desenvolvimento das plantas.

As infestações ocorre em reboleiras, que tem como característica plantas amareladas, atrofiadas e mortas. O manejo da praga é bastante difícil, pois apresenta hábito subterrâneo, principalmente, para utilização de método químico, que apresenta baixa eficiência no controle desse percevejo (inferior a 50%). A revoada de adultos favorece a colonização de novas áreas, por isso é fundamental sua detecção e controle logo no início da infestação.

Quando sua incidência está fora de controle, pode comprometer todos os cultivos subsequentes e afetar diretamente a produtividade. Em áreas infestadas, é indicado evitar o plantio de gramíneas como milheto, braquiária e sorgo, já a crotalaria spectabilis pode ser uma boa alternativa.

Scaptocoris castanea

Scaptocoris castanea Imagem: Embrapa


Percevejo-verde (Nezara viridula):

É uma praga bastante conhecida no cultivo da soja, que também afeta o milheto, planta de cobertura bastante utilizada. Esse percevejo apresenta coloração verde bastante característica e mede cerca de 15 mm. Na soja, se alimenta diretamente dos grãos, deixando um orifício favorece a penetração de microrganismos patogênicos causadores de doenças.


Um dano bastante característico da espécie é o chochamento dos grãos que depreciam o produto para a comercialização. No milheto, alimentam-se dos grãos em desenvolvimento, que se tornam manchados e ficam com tamanho reduzido. Panículas com grãos mal formados e manchados são o principal sintoma do ataque destes insetos no cultivo. Como a soja é cultivada muitas vezes em sequência ao milheto, monitorar sua presença na lavoura é uma prevenção a fim de evitar perdas nas culturas.

Nezara viridula

Lagarta–do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

É uma das espécies mais temidas por agricultores, pois seu ataque é muito agressivo, apresenta resistência no controle e se alimenta de diversas culturas. Afeta diretamente os cultivos de soja, milho e algodão assim como o sorgo, importante planta de cobertura utilizada na entressafra. Na soja, quando essa praga está presente logo após a emergência das plântulas, apresenta hábito rosca, causando a redução do estande inicial.

Se alimenta também das folhas de plantas , mas prefere as estruturas reprodutivas, afetando diretamente a produção. No milho se caracteriza por se alimentar das folhas (sintomas de folhas raspadas) e principalmente do cartucho, podendo causar a destruição completa da planta e quando presente no período reprodutivo da cultura, é registrada se alimentando diretamente da espiga.


É a principal praga do cultivo de milho e causa perdas severas se não for controlada corretamente. No sorgo os danos são semelhantes ao do milho, são observadas folhas raspadas e a lagarta se alimenta do “palmito” estrutura semelhante ao colmo. Em casos mais severos, pode se alimentar de toda a folha, restando apenas a nervura principal.

Spodoptera frugiperda. imagem: PESSOA, Marina


Conheça algumas doenças de sistemas intensivos:

Antracnose

É causada pelo fungo Colletotrichum truncatum, e é uma das principais doenças do cerrado e nordeste brasileiro. Sua disseminação ocorre principalmente por sementes infectadas ou restos culturais infectados, vento e chuva também contribuem para disseminação do patógeno na área. Quando atinge a planta, prejudica sua produtividade por afetar diretamente seu desenvolvimento inicial e posteriormente as vagens, podendo causar abortamento total ou danos no enchimento dos grãos.


Os sintomas podem ser observados nos cotilédones que apresentam manchas deprimidas de coloração castanho-escuro. Este apodrecimento pode causar tombamento da planta, ou produção de plantas com baixo vigor. Os sintomas também podem ser observados nas folhas, que de forma geral, apresentam manchas avermelhadas na base e nas nervuras. É uma doença bastante comum no cultivo de sorgo, que quando utilizado em sucessão com a soja, serve como hospedeiro alternativo e fonte de inóculo para a safra seguinte.

 fungo
Fungo

Colletotrichum truncatum Imagem: AGROLINK (Dirceu Gassen)


Míldio

O míldio é uma doença comum no cultivo do milheto, espécie muito utilizada como planta de cobertura no centro-oeste do Brasil. É causada por um fungo (Peronospora manshurica), seus sintomas iniciais são manchas verde-claro nas folhas que podem evoluir para uma cor amarelada e necrose. Na parte inferior da folha, podem ser observadas frutificações do fungo que são conhecidos como conídeos, uma massa esbranquiçada.


Quando ataca a fase de grãos, estes podem ficar apodrecidos ou cobertos por micélios de fungos.

A doença também tem relevância na cultura da soja, e apesar de não ser considerada um dos principais patógenos da cultura, vem crescendo em importância nas últimas safras. O patógeno é favorecido em sistemas de produção com plantio de milheto.

 míldio

Manual de Identificação de doenças da soja – Paulo Edimar Saran (Pág.51 imagem 7)


Fusariose

Os fungos deste gênero apresentam grande relevância para o setor agrícola, pois apresenta uma gama muito grande de plantas hospedeiras. A doença apresenta como sintomas iniciais amarelecimento das folhas que posteriormente podem secar e cair.


Outra característica da doença é que quando o caule ou a raiz é cortada transversalmente é possível observar os vasos condutores da planta escurecidos.  Na soja, por exemplo, a doença reduz diretamente o rendimento e produtividade. A doença também é comum na crotalária, que é muito utilizada como planta de cobertura, pela sua capacidade de produzir massa verde e controlar nematoides.


É importante que o produtor vistoria o cultivo em cobertura como sorgo e pastagens, pois, caso a doença seja detectada é indício de que terá problemas com o cultivo posterior, como a soja.

fungos

Boletim Técnico – PRAGAS E DOENÇAS DO MILHO Diagnose, danos e estratégias de manejo EPAGRI(Pág. 71)


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