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Onda de produtos biológicos na cadeia de produção do algodoeiro

Atualizado: 21 de jul. de 2023

Controle Biológico consiste na regulação de populações de pragas nas lavouras feita por outros seres vivos, os inimigos naturais. Atualmente, é praticado principalmente pela conservação daqueles agentes de controle biológico já presentes na lavoura (Controle Biológico Natural ou Conservativo) e pela liberação de agentes de controle biológico multiplicados e comercializados (Controle Biológico Aplicado).


Houve um crescimento muito grande na aceitação do Controle Biológico aplicado pelos produtores, buscando uma produção cada vez mais sustentável. Esse aumento na aceitação e por consequência, na utilização de produtos biológicos é resultado do profissionalismo do setor que hoje entrega produtos com grande qualidade industrial, maior tempo de prateleira e eficácia no controle. Ainda, outro fator que explica o crescimento no uso de produtos biológicos foi o entendimento de que essa é mais uma ferramenta a ser utilizada em programas integrados de manejo, junto com ferramentas químicas, por exemplo.


Para ilustrar essa associação de ferramentas de controle, temos a utilização do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana, com inseticidas químicos, que apresenta maior eficiência no controle do bicudo-do-algodoeiro em relação aos inseticidas químicos sozinhos

Mas qual foi o crescimento da utilização de produtos biológicos?


Segundo dados da CropLife, associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de controle fitossanitário, o mercado biológico cresceu 42% entre 2019 e 2020 e, 33% entre 2020 e 2021. Isso significa que a movimentação financeira de produtos biológicos saiu de 946 milhões de reais em 2019 para 1,78 bilhão de reais em 2021.

Gráfico

Além do crescimento na movimentação financeira, houve um expressivo aumento no número de produtos registrados. Hoje, encontram-se registrados mais de 400 produtos biológicos, em comparação aos menos de 100 produtos disponíveis há uma década atrás.

Dentre esses produtos, em torno de 60% são produtos microbiológicos, ou seja, a base de fungos, bactérias, vírus ou seus subprodutos. Os outros 40% são compostos por semioquímicos (moléculas utilizadas na comunicação entre as espécies ou entre os organismos de uma mesma espécie), bioquímicos (desenvolvidos a partir de extratos vegetais, óleos essenciais e hormônios.) e, macrorganismos (ácaros e insetos liberados nas lavouras para controlar outros organismos que são pragas).


Na cultura do algodão, historicamente reconhecida pela adoção de tecnologias de ponta, muitos produtos biológicos têm sido utilizados. Analisando a composição de culturas agrícolas no Brasil e a participação no mercado de biológicos, observa-se que aproximadamente 5% do mercado de produtos biológicos é destinado ao algodão. Essa porcentagem, em um mercado crescente, indica que a venda de produtos biológicos na cultura representou no ano 2021 o valor de 85 milhões de reais. O programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) também pode ser considerado um dos motivos para a ampliação no uso de produtos biológicos na cotonicultura.


Em relação aos produtos utilizados nas lavouras de algodão, merecem destaque os bionematicidas, seguido por bioinseticidas, biofungicidas e, produtos utilizados para tratamento de sementes. Veja, a seguir, alguns dos produtos utilizados na cotonicultura:


  1. Vírus – Baculoviridae e vírus da poliedrose nuclear (NPV) para controle de lagartas como Chrysodeixis includens, Helicoverpa armigera, Spodoptera frugiperda e S. eridania;

  2. Fungos – Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana e Cordyceps javanica para controle de mosca-branca, percevejos de parte aérea, percevejo-castanho no sistema radicular, cigarrinhas, entre outros; Trichoderma para controle de doenças e promoção de crescimento;

  3. Bacterias – Bacillus thuringiensis kurstaki e Bacillus thuringiensis aizawai para controle de lagartas; Bacillus subtilis no controle de doenças e nematoides;

  4. Parasitoides – Trichogramma pretiosum para controle de ovos de mariposas; Catolaccus grandis para controle de larvas do bicudo-do-algodoeiro.


Outro fenômeno que tem sido observado nas propriedades produtoras de algodão é a produção de biológicos on-farm. Essa técnica consiste na instalação de unidades de multiplicação de microrganismos na própria fazenda para serem pulverizados nas lavouras. Para tanto, são necessários cuidados referentes à qualidade da multiplicação do microrganismo desejável para o controle e, manter um ambiente limpo e organizado, menos favorável a contaminações.


É evidente que a onda de produtos biológicos na cadeia produtiva do algodão se deu pelo aumento expressivo no número de produtos disponíveis e na utilização por parte dos produtores. Assim, espera-se que essa tendência se mantenha para as safras futuras, com uma participação relativa ainda maior dos produtos biológicos no total de defensivos utilizados nas lavouras de algodão.

 

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