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Conheça as plantas invasoras resistentes ao glifosato

Atualizado: 25 de jul. de 2023

Recentemente a Embrapa divulgou uma nova espécie invasora que apresentou resistência ao glifosato no Brasil, a Euphorbia heterophylla, também conhecida como leiteiro, amendoim-bravo ou café-do-diabo. O caso está restrito a uma pequena região do Paraná, mas já preocupa produtores, pesquisadores e técnicos, principalmente pela perda de produtividade e impacto econômico que a dificuldade de controle desta planta pode causar.

Conhecer as espécies resistentes ao glifosato e planejar o manejo correto para o controle é essencial para garantir uma boa produção. No artigo de hoje vamos apresentar as plantas invasoras resistentes ao glifosato relatadas no Brasil, e quais as medidas adotar para o controle.


Como atua o glifosato?

É um herbicida não-seletivo, de amplo espectro, aplicado durante a pós-emergência para controle de espécies daninhas anuais e perenes, de folhas largas ou estreitas. Atua inibindo a enzima 5-enol-piruvilshiquimato-3-fosfato sintase (EPSPs), que atua diretamente no crescimento e na sobrevivência das plantas. Através deste mecanismo, causa amarelecimento dos meristemas, necrose e morte em alguns dias ou semanas.


Por que as plantas se tornam resistentes?

Quando uma planta é caracterizada como resistente, ela apresenta a capacidade de sobreviver e se reproduzir mesmo com a aplicação da dose correta de um herbicida, ao qual a espécie era suscetível, nas condições normais de aplicação. Entretanto, o uso repetido do defensivo caracteriza uma situação de alta pressão de seleção, o que pode favorecer o desenvolvimento de plantas resistentes que já se encontram no meio da população. Dentre os fatores que influenciam na seleção de plantas invasoras resistentes ao glifosato estão: intensidade do uso do defensivo, eficiência de controle sobre a população de plantas e persistência no ambiente.


Consequências da resistência

  1. Requer mudanças nas práticas de manejo das plantas daninhas e das culturas.

  2. Aumenta os custos de produção com o controle de plantas daninhas através do aumento na demanda de herbicidas e práticas de controle

  3. Redução da viabilidade dos herbicidas.

  4. Perda do potencial produtivo (baixo rendimento) e lucros mais baixos.

Quais as principais espécies resistentes?

Conyza spp. (buva) – Popularmente conhecidas como buva, compõem um complexo de três espécies resistentes Conyza bonariensis, Conyza canadenses e Conyza sumatrensis. As perdas de rendimento devido a estas invasoras pode chegar a 50% em casos de alta infestação. Uma das principais alternativas de manejo é a o uso do sistema de plantio direto, com vegetação nas entrelinhas. Assim, se diminui a germinação destas espécies que precisam de luminosidade para germinar.

Digitaria insularis (capim amargoso) – Apresenta sementes com alto poder de germinação e fácil disseminação. Quando as plantas são jovens (até 15 cm), ainda podem ser controladas com o uso de herbicidas. Já as plantas adultas não apresentam a mesma facilidade de controle. Por isso, o mais indicado é monitorar a presença de plantas jovens e realizar o controle enquanto estão neste estágio.


Lolium multiflorium (azevém) – É um problema especialmente na região sul do Brasil, onde sua presença é muito abundante por ser utilizado como planta de cobertura no inverno. O principal manejo para controle é utilizar aveia-preta, nabo ou centeio em substituição ao azevém no inverno.


Eleusine indica (capim-pé-de-galinha) – Bastante comum em cultivos anuais e perenes, a alta pressão de uso do glifosato acarretou resistência da espécie. A rotação de culturas e utilização de outros herbicidas no qual a planta é suscetível são os melhores métodos de controle. Foi relatada como planta resistente ao glifosato pela primeira vez na safra 2016.

Chloris elata (capim-branco) – É encontrada principalmente nas regiões norte e centro oeste, como apresenta resistência somente ao glifosato, pode ser controlada com uso de outros herbicidas.


Amaranthus palmeri e Amarathus hibrydus (Caruru-palmeri) – Seu primeiro relato de resistência ocorreu no Brasil em 2015, e é considerada bastante agressiva em sua infestação. Pode reduzir o rendimento em até 90% na soja e 79% no milho. Pode ser controlada com uso de outros herbicidas, mas a aplicação deve ser realizada até a planta apresentar no máximo 8 cm, pois é quando se apresentam mais suscetíveis.

Amaranthus palmeri e Amarathus hibrydus (Caruru-palmeri)

Fonte: MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS INFESTANTES 


Como detectar as plantas invasoras resistentes?

Existem três indícios bastante claros de como identificar estas plantas no campo:

1) Falha do herbicida em plantas invasoras após sua aplicação, especialmente se houver controle das outras espécies ao redor;

2) Detecção de uma reboleira de determinada espécie de planta invasora não controlada;

3) Registro da presença de plantas daninhas sobreviventes e mortas da mesma espécie ou de espécies diferentes.


Como diminuir os casos de resistência de invasoras ao glifosato?

Os métodos preventivos associados a um bom planejamento da safra diminuem a possibilidade de surgirem novas espécies resistentes. Dentre eles destacam-se: aquisição de sementes certificadas livre de invasoras; realização da limpeza do maquinário e equipamentos, principalmente os de uso direto na lavoura; uso de glifosato de forma controlada e aplicado na dosagem recomendada para cada cultivo e de acordo com o monitoramento; rotação de ingredientes ativos de herbicidas; monitoramento constante da incidência de plantas invasoras; adoção do plantio direto e rotação de culturas.

 

REFERÊNCIAS

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Circular Técnica 132. Impacto econômico da resistência de plantas daninhas a herbicidas no Brasil.

LEGLEITER & JOHNSON (2013) Palmer Amaranth Biology, Identification, and Management. Purdue University, 13p.

 

Imagens:

MOREIRA, G. J. C; BRAGANÇA, H. B. N.  Manual de identificação de plantas infestantes. Cultivos de Verão. São Paulo, Campinas, 2010.

Foto da capa: Lebna Landgraf


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