A cultura da cana tem elevada importância comercial na produção brasileira, destinada principalmente para produção de açúcar e etanol. É um cultivo que sofre com incidência de pragas durante todo o período produtivo e as perdas causadas por este ataque pode chegar a 30%. Conhecer os insetos praga associados ao cultivo da cana, permite que o produtor realize o manejo mais adequado, no momento certo e consiga reduzir custos com aplicação. Abaixo, são listadas as principais pragas do cultivo e qual o melhor controle.
Broca-da-cana (Diatraea saccharalis)
É a espécie praga mais conhecida no cultivo. O dano é causado quando o inseto se encontra na fase larval. Quando jovem a lagarta apresenta coloração branco-amarelada, cabeça marrom escuro e possui pontuações e manchas marrons pelo corpo. As lagartas abrem galerias (orifícios) nas gemas da cana, que são fechadas com fios de seda para que ocorra o desenvolvimento da pupa.
O adulto, apesar de hábitos noturnos, pode ser visualizado no campo tendo como característica coloração marrom-amarelada ou amarelo-palha. Além dos danos diretos ao colmo, o ataque favorece o desenvolvimento de patógenos, como o fungo Colletotrichum falcatum que causa a podridão vermelha, reduzindo a produtividade da cana.
Os danos diretos devido ao ataque da praga na cana são: perda do peso do material; tombamento devido à quebra transversal no colo; sintoma de “coração morto” caracterizado pelo secamento dos ponteiros; enraizamento aéreo e formação de brotações laterais. Para controle podem ser adotados manejos culturais como o uso de variedades resistentes e erradicação de plantas hospedeiras da praga na área.
O controle químico é indicado, mas não muito eficiente, principalmente pelo hábito da praga de se desenvolver dentro do colmo, o que dificulta o contato direto do inseticida. O controle biológico é o mais recomendado, com uso da vespa parasitoide de lagarta Cotesia flavipes, do parasitoide de ovos Trichogramma galloi e do fungo Metharhizium anisoplie.
Fonte: Agrolink
Cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata)
A espécie se tornou praga nos canaviais a partir da mudança da lei que proibia a queimada dos canaviais para a colheita manual e com o desenvolvimento da colheita mecanizada. Sua incidência preocupa produtores de todo o país principalmente do Sudeste. Nesse sistema a palhada acumulada na superfície do solo, torna o ambiente mais favorável para o desenvolvimento da cigarrinha. A espécie se desenvolve muito bem em ambientes com umidade elevada.
As formas jovens são conhecidas como ninfas e se alimentam das raízes da cana, podem ser detectadas facilmente pela presença de espuma branca que envolve as ninfas. Os danos causados pelas ninfas impedem ou dificultam o fluxo de nutrientes e água na planta. Os adultos causam os seguintes danos e sintomas: manchas amareladas, que reduzem a capacidade fotossintética; danos diretos ao colmo pela perfuração dos tecidos foliares; redução da produtividade causada pela morte dos perfilhos; murchamento do colmo; redução da qualidade do produto final. O controle pode ser químico ou biológico através do fungo Metarhizium anisopliae.
Macho e fêmea de Mahanarva fimbriolata. Foto:Heraldo Negri.
Bicudo da cana (Sphenophorus levis)
São insetos muito importantes nos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Paraná. O dano é causado diretamente pelas larvas, que fazem galerias e danificam os tecidos no interior do rizoma da planta.
Este dano direto pode causar a morte das plantas, falhas nas brotações, afeta diretamente a produção nos canaviais e pode reduzir sua longevidade. O controle pode ser realizado através de táticas culturais, químicas. Podendo ser realizado principalmente durante a reforma da lavoura com a eliminação de soqueiras, aração e gradagem do solo para exposição das larvas ao sol e inimigos naturais três meses antes do plantio.
As mudas devem ser sadias oriundas de viveiro livre da praga. O controle químico dessa praga é difícil, mas pode ser implementado através da aplicação de inseticidas no sulco de plantio ou com o uso de iscas tóxicas (toletes de cana embebidos com inseticida) para controle dos adultos. Em adição existe o controle biológico com aplicação de fungos e nematoides entomopatogênicos.
Adulto de Sphenophorus levis. Foto:Paulo Botelho.
Cupins
Podem causar danos de até 10 toneladas por hectare/ano, o que representa 60 toneladas por hectare durante o ciclo da cultura. No plantio seu ataque causa a destruição das gemas e consumo dos toletes sementes, o que dificulta ou impede a germinação. Durante o desenvolvimento do cultivo, causa danos diretos as raízes, colo e perfilhos. O seu ataque é mais agressivo em terrenos arenosos e pouco férteis.
O controle pode ser realizado através da correção e fertilização do solo. O controle biológico é o mais recomendado, através dos fungos como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae e bactérias como Bacillus thuringiensis.
Formigas
As formigas cortadeiras conhecidas como saúvas (gênero Atta) e Quenquéns (gênero Avromyrmex) são espécies encontradas em todo o país e atacam as plantas de cana em qualquer fase desenvolvimento. Possuem hábito noturno, são bastante resistentes e possuem grande potencial de infestação. O controle pode ser cultural com eliminação de gramíneas nativas, que são usadas pelas formigas para alimentação e crescimento da colônia. Também pode se fazer uso do controle químico, através de formicidas líquidos ou iscas granuladas.
Fonte: ctc.com.br
Monitoramento
Agora que já apresentamos as principais pragas, é importante lembrar de um ponto bastante relevante, o monitoramento de pragas. Monitorar durante todo o período de cultivo é sinônimo de ser assertivo na escolha do controle e time de aplicação. O monitoramento da broca-da-cana pode ser realizado por inspeções visuais, registro de lagartas ou armadilhas de monitoramento com uso de fêmeas virgens.
O monitoramento da cigarrinha é realizado por avaliação visual, onde o nível de controle é de 2-4 ninfas/ metro e 0,5 adulto/cana. As outras pragas já citadas aqui também devem passar por uma constante vistoria visual para detecção de sua presença na lavoura, a fim de realizar a entrada de controle no momento mais adequado para que não sejam realizadas aplicações desnecessárias.
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