Você sabe como deve ser o preparo do solo para realizar o plantio? O planejamento correto dessa etapa é fundamental para o sucesso da lavoura. Para isso, as práticas de calagem, gessagem e adubação são indispensáveis para fornecer às plantas os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento.
Nesse texto, abordaremos os conceitos para a construção da fertilidade do solo. Mas, se você quer saber um pouco mais sobre os tipos de preparo de solo, como cultivo convencional, cultivo mínimo e sistema de plantio direto, confira esse link.
Inicialmente, é necessário entender as diferenças entre calagem, gessagem e adubação e, as finalidades de cada operação.
A operação de calagem é realizada para se aplicar calcário no solo, e tem como principal finalidade a correção da acidez. Essa prática é necessária em função da acidez natural da maior parte dos solos brasileiros, devido ao material de origem desses solos e do clima tropical.
A aplicação de calcário segue diversas recomendações, de acordo com as características de cada propriedade, tipo de cultura a ser implantada e tipo de calcário utilizado. A aplicação deve ser baseada nos resultados da análise química do solo e nas recomendações para a cultura em questão. Via de regra, os melhores resultados são obtidos quando a dose é parcelada, sendo aplicada, primeiramente, metade da dose, com posterior incorporação do solo e, posteriormente, aplicação da outra metade. Já em sistemas sem revolvimento de solo, é recomendada aplicação em superfície, sobre a camada de matéria orgânica do sistema. Por fim, recomenda-se que a operação de calagem seja realizada, em média, 90 dias antes da semeadura.
Os principais benefícios obtidos com a correção da acidez do solo com a calagem são a redução nos teores de alumínio tóxico, aumento na capacidade de troca de cátions (CTC do solo) e disponibilidade de macronutrientes como nitrogênio, fósforo e enxofre, além do aumento da atividade microbiana do solo. Ainda, a calagem fornece cálcio e magnésio às plantas.
Os principais tipos de calcário utilizados na agricultura nacional são classificados em função dos teores de magnésio presentes em:
Calcítico – CaCO3 – com teores de óxido de magnésio menores do que 5%
Magnesiano – CaMg(CO3)2 – com teores de óxido de magnésio entre 5 a 12%
Dolomítico – CaMg(CO3)2 – com teores de óxido de magnésio maiores do que 1
A escolha entre eles varia em função da maior ou menor necessidade de fornecer magnésio ao solo, uma vez que a diferença nos teores desse elemento no calcário não altera diretamente o poder de neutralização (PN) do produto. Essa característica, junto com a reatividade das partículas (que é dependente da granulometria do calcário), compõe o Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT), que é uma medida da qualidade do calcário.
Vale lembrar que o calcário é pouco móvel no solo, atuando principalmente nos primeiros 20 cm. Assim, para se condicionar profundidades mais elevadas, recomenda-se a operação de gessagem, que envolve a aplicação de gesso agrícola (CaSO4.2H2O).
O gesso pode ser obtido como subproduto da produção de ácido fosfórico que compõe fertilizantes fosfatados. Além disso, pode ser extraído de reservatórios naturais no Brasil, a partir de reações da rocha gibsita.
Ressalta-se que o gesso agrícola não é considerado um fertilizante e não corrige a acidez do solo, como faz a calagem. Desse modo, muitos se referem a esse produto como um condicionador de solos. Por ter grande mobilidade vertical no solo, sua principal função é potencializar os efeitos da calagem, levando para profundidades maiores os nutrientes disponibilizados nas camadas superiores, podendo também fornecer cálcio e enxofre, presentes em sua composição. Além disso, pode auxiliar na diminuição dos teores de alumínio tóxico. Assim, a aplicação de gesso promove maior desenvolvimento e aprofundamento do sistema radicular das plantas, favorecendo a absorção de água e nutrientes.
Por ser um produto que potencializa os efeitos do calcário, o gesso deve ser aplicado sempre depois do calcário, com revolvimento do solo no sistema convencional e sem necessidade de revolvimento em sistemas de cultivo mínimo e de plantio direto.
Com a correção da acidez do solo por meio da calagem, diminuição dos teores de alumínio tóxico, e maior disponibilidade de nutrientes em superfície e sub-superfície, por meio da calagem e gessagem, resta agora decidir como adubar o solo. Para tanto, tendo em mãos os resultados de uma análise química completa do solo, o produtor deve buscar ajuda de especialistas ou consultar os boletins e manuais de recomendação de adubação disponíveis para cada região. Dessa forma, é possível calcular a necessidade de fertilizantes de acordo com a cultura, os teores de cada elemento reportados na análise e, a produtividade esperada.
Após calcular as quantidades de reposição de cada um dos nutrientes, o produtor deve buscar o fertilizante que melhor atende suas necessidades e, planejar as operações de adubação levando em consideração a mão-de-obra e equipamentos disponíveis. Assim, respeitando a sequência de operações de construção da fertilidade do solo com calagem, gessagem e adubação adequada à sua lavoura, os primeiros passos para alcançar altas produtividades estarão garantidos!
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