A melhoria genética do milho é uma grande aliada para controlar insetos-praga em campo.
De acordo com informações divulgadas pelo Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas (Irac), a tecnologia de milho transgênico que expressa a proteína inseticida Vip3A de Bacillus thuringiensis (Bt) foi recentemente introduzida no Brasil para o controle da lagarta-do-cartucho do milho**(Spodoptera frugiperda), broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) e lagarta-da-espiga do milho (Helicoverpa zea).
As proteínas Vip3A são exotoxinas produzidas durante a fase de crescimento vegetativo de Bt, com modos de ação distintos das proteínas Cry que são produzidas na fase de esporulação, evidenciando um baixo potencial de resistência cruzada. Portanto, com a evolução da resistência da lagarta-do-cartucho para o milho Bt expressando as proteínas Cry1F ou Cry1Ab, o milho Vip3Aa20 tem sido uma das alternativas para programas de manejo da resistência.
Evolução da resistência
Estudos recentes conduzidos na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), em parceria com a Syngenta, avaliaram o risco de evolução da resistência de S. frugiperda a Vip3Aa20 no Brasil. Alta suscetibilidade a Vip3Aa20 e baixa frequência inicial do alelo da resistência foram constatadas em populações de campo de S. frugiperda. Foram selecionadas e caracterizadas uma linhagem de S. frugiperda altamente resistente a Vip3Aa20 em condições de laboratório, comprovando o potencial de evolução da resistência em condições de campo.
“Neste estudo, lagartas resistentes sobreviveram em plantas de milho expressando Vip3Aa20 e geraram adultos normais e férteis. Contudo, foram verificadas alto custo adaptativo associado à resistência, com redução de aproximadamente** 50%** no número de descendentes gerados pela linhagem resistente, quando comparado ao de indivíduos suscetíveis”, afirmou o Irac em comunicado.
O cruzamento de indivíduos resistentes com indivíduos suscetíveis resultou em descendentes suscetíveis a milho Vip3Aa20 (padrão de herança recessiva da resistência), comprovando assim que a adoção de áreas de refúgio (milho não Bt) é uma estratégia efetiva para preservar a vida útil da proteína Vip3Aa20 para o controle de S. frugiperda no Brasil.
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