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El Niño” em 2023, o que esperar das mudanças climáticas para a agricultura?

Atualizado: 20 de jul. de 2023

Nas últimas safras, o fenômeno climático que regeu o clima no país foi o “La Niña”. Agora, em uma sequência natural, especialistas indicam que passará a valer o efeito “El Niño”. E o que muda com isso?

Os fenômenos atmosféricos “La Niña” e “El Niño” fazem parte de um sistema acoplado oceano-atmosfera, ou seja, alterações na temperatura do oceano influenciam as condições climáticas da atmosfera. Esse sistema apresenta oscilações naturais de 2 a 7 anos. Dessa vez, após três anos com característica de “La Niña”, espera-se agora o efeito do “El Niño”.

“La Niña” e “El Niño” são as fases opostas desse sistema que influencia a temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Enquanto “La Niña” causa resfriamento das águas, o “El Niño” se caracteriza pelo aquecimento, fora do normal, da temperatura das águas do Pacífico, o que por sua vez influencia a superfície da água e o clima de outras partes do globo.

Antes da chegada do “El Niño”, passaremos por um período de transição que pode durar alguns meses. Segundo projeções de diferentes agências climáticas internacionais, o planeta deverá estar em uma zona neutra até julho e, os efeitos do “El Niño” deverão se intensificar a partir de agosto. Ainda, as estimativas são de que a intensidade do fenômeno seja moderada nesse ano, ganhando força a partir do próximo verão no Hemisfério Sul.

No Brasil, espera-se temperatura mais elevada em praticamente todo território. Por outro lado, a influência sobre as chuvas é diferente no Norte e no Sul do país. Devido à formação de uma zona de bloqueio na região central do Brasil, que impede que as frentes frias avancem para o Norte, é esperada uma intensificação das chuvas na região Sul e em parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste, e uma redução das chuvas em boa parte das regiões Norte e Nordeste

E como fica a agricultura brasileira nesse cenário? A resposta depende da intensidade do fenômeno. Apesar de não podermos prever com muita certeza esse cenário, a análise de dados históricos de produção e clima nos permite ter alguma ideia do que está por vir.

Com “El Niño” intenso, pode haver fortes chuvas, com inundações e encharcamento do solo na região Sul, o que traz prejuízo à produção agrícola dessa região. No entanto, se as condições não forem extremas, a produtividade de soja da região, por exemplo, pode se beneficiar do maior volume de chuvas.

Em relação aos grãos cultivados na região Centro-Oeste, um aumento de chuvas no Inverno pode ser benéfico principalmente para a segunda safra. Portanto, pode-se esperar maior produtividade do milho, muito cultivado na segunda safra.

Outro exemplo é a cultura cana-de-açúcar, cuja produção se concentra principalmente na parte Centro-Sul do país e apresenta o pico de colheita nos meses de Outono-Inverno dessa região (Abril-Setembro), que é a época mais seca do ano. Um “El Niño” mais intenso pode aumentar as chuvas no inverno, o que prejudica tanto a logística de colheita de cana-de-açúcar, quanto a maturação fisiológica da planta, que resulta na produção adequada dos açúcares desejados na colheita. Ainda mais, a entrada do Verão com menor precipitação pode prejudicar o desenvolvimento dos canaviais para a safra seguinte.

Com as alterações climáticas iminentes e muito próximas, torna- se ainda mais evidente a importância do registro do histórico de produção, clima e atividades da propriedade. Tendo em mãos essa informação, o produtor pode se antecipar e planejar as atividades da próxima safra, visando menor risco e maior produtividade. Em períodos de baixa pluviometria, tomar decisões assertivas é ainda mais crucial. A margem de erro torna-se pequena e a precisão pode ser um fator determinante para o sucesso da produção.


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