A cana-de-açúcar é conhecida como cultura que utiliza baixos níveis de defensivos, porém ela sofre com incidência de algumas pragas que se não forem corretamente manejadas podem ocasionar prejuízos econômicos a produção canavieira.
O dano causado pelas pragas reduz a produção agrícola e afeta a qualidade da matéria-prima a ser industrializada, reduzindo, também, o rendimento dos processos de produção de açúcar e álcool.
A seguir, é apresentado um resumo das principais pragas e dos danos verificados nos canaviais:
Diatraea saccharalis – Broca da Cana
Encontrada em todo o território nacional, a broca da cana, Diatraea saccharalis, é uma mariposa cujas larvas causam a morte da gema apical e danos no interior do colmo da cana-de-açúcar. A seca dos ponteiros, conhecida também como “coração morto”, pode ocorrer na lavoura, principalmente nas plantas mais através dos orifícios abertos pelas larvas, ocorre penetração de fungos dos gêneros Fusarium e Colletotrichum, que causam a podridão vermelha.
Forma de controle?
O controle biológico da broca consiste no método mais eficiente através da liberação de parasitóides como a Cotesia flavipes. Não adotar medidas que causem desequilíbrio nas populações de parasitóides e predadores, sendo necessário racionalizar o uso de produtos químicos. A determinação das áreas mais infestadas é realizada mediante o levantamento populacional da praga em canaviais com 2 a 4 meses após o plantio ou 2 a 4 meses após cada corte nas áreas mais infestadas e que necessitam de controle. Os levantamentos de Intensidade de Infestação são realizados durante a safra, amostrando-se no mínimo 20 canas por hectare.
Mahanarva fimbriolata – Cigarrinha das Raízes
As ninfas da cigarrinha das raízes, Mahanarva fimbriolata, produzem uma espuma na base dos colmos, nas raízes superficiais, onde se alimentam e se mantêm protegidas embaixo da palha da cana colhida sem queimar até atingirem a fase adulta. Elas surgem após as primeiras chuvas no fim do inverno quando deverão ser iniciados os primeiros levantamentos.
Forma de controle?
Especialistas recomendam o controle biológico, com a aplicação do fungo Metarhizium anisopliae quando forem encontradas populações acima de 3 ninfas por metro linear. Os históricos dos levantamentos mostram que boa parte das áreas amostradas, normalmente acima de 70-80%, não ultrapassam esses níveis.
Cupins
São insetos sociais que vivem em colônias organizadas. Perdas ocorrem com falhas na brotação das soqueiras e redução da longevidade do canavial. A maioria das espécies de cupins não é agressiva à cultura, ao contrário é benéfica. Podem reduzir em até 10 t de cana/ha/ano, além de ocasionarem redução da longevidade do canavial.
Controle?
O conhecimento das espécies, os níveis de infestação, determinados por levantamentos populacionais, são fundamentais dentro de um programa de manejo integrado de pragas de solo, reduzindo o uso de cupinicidas a 10-20% apenas da área de plantio, sendo que o uso indiscriminado desses inseticidas de solo causa o desequilíbrio nos inimigos naturais da broca da cana.
Migdolus fryanus – Migdolus
No estágio de larva, o besouro Migdolus fryanus ataca o sistema radicular da cana causando falhas na brotação das soqueiras, morte em reboleiras e necessidade de reforma precoce do canavial. Esta fase dura no mínimo dois anos, podendo chegar a três anos e as larvas são encontradas até a profundidade de cinco metros no solo. Todo ciclo é subterrâneo. Os adultos vêm à superfície apenas por ocasião das “revoadas”.
Como controlar?
Os melhores resultados de controle são obtidos com a aplicação de inseticidas por ocasião do preparo do solo, em operação conjunta com a subsolagem (subsolador-aplicador) ou aração (arado de aiveca, com aplicador de inseticida), na época seca, quando se observa maior ocorrência de larvas nas camadas superficiais do solo. Alternativa complementar é a aplicação sobre as mudas, no sulco de plantio, em operação conjunta com a cobrição. A aplicação em soqueiras mostrou baixa eficiência no controle de Migdolus.
Sphenophorus levis
O bicudo da cana, Sphenophorus levis, é um besouro que na fase larval causa danos nos colmos em desenvolvimento escavando galerias, afetando o stand da cultura e a produtividade. Reduzem a longevidade dos canaviais, que muitas vezes não passam do segundo corte. A disseminação pelo trânsito de mudas é a hipótese mais provável para explicar a rápida expansão da área infestada, visto que o inseto praticamente não voa e seu caminhamento é lento.
Método de controle?
O método mais recomendado para o controle da praga é o cultural, que consiste na destruição antecipada das soqueiras com o erradicador de soqueiras. A seguir a área deverá ser mantida livre de plantas hospedeiras da praga e o próximo plantio deverá ser realizado o mais tarde possível. As mudas a serem utilizadas no plantio deverão estar isentas da praga, sendo originárias de áreas não infestadas.
Broca Gigante
A Broca Gigante, comum em todas as regiões do Brasil, pode causar grandes perdas na produção agrícola e industrial. Danifica a cana-de-açúcar abrindo galerias no colmo, deixando-o oco, além de gerar falhas e sintoma de “coração morto” na brotação das soqueiras. Em situações de altas infestações, reduz a longevidade do canavial, exigindo a reforma antecipada das áreas.
Para evitar problemas deve-se plantar mudas oriundas de áreas livres dessa praga.
A.bisphaerica e A.capiguara – Formigas Gigantes
As formigas cortadeiras de maior importância para a cultura da cana-de-açúcar pertencem ao gênero Atta, conhecidas como saúvas, sendo A. bisphaerica e A. capiguara as de maior importância econômica. As saúvas são responsáveis por perdas médias na produtividade agrícola que variam de 1,6 a 3,2 toneladas de cana por ninho, a cada ciclo.
Formas de controle?
A termonebulização é uma técnica que consiste na transformação de um inseticida diluído em óleo em uma névoa e a sua aplicação no interior do formigueiro, utilizando equipamentos denominados termonebulizadores. Tem-se observado, com muita freqüência, o controle indiscriminado de espécies pragas (saúvas e quenquéns) com inseticidas não registrados que prejudicam espécies importantes no controle biológico natural, o que pode ter um impacto significativo no equilíbrio das populações de outras pragas, especialmente a broca.
Lagarta Elasmo
A Lagarta Elasmo é um inseto polífago, amplamente distribuído no Brasil. Está presente em praticamente todas as regiões canavieiras, sendo considerada praga de importância econômica. Atacam as brotações da cana, tanto em cana-planta como nas soqueiras, apresentando elevado potencial de danos em períodos de estiagem prolongada. A queima da palha antes ou depois da colheita favorece a ocorrência de praga já que a fumaça atrai os adultos para a área além de estimular a oviposição. Em áreas de colheita de cana crua, em geral, não ocorrem infestações de Elasmo.
No manejo de pragas da cultura da cana-de-açúcar, o monitoramento é o principal componente para o sucesso na redução populacional da praga, mantendo-a em níveis de equilíbrio e promovendo a racionalização dos métodos de controle.
Para a elaboração de um programa de manejo sustentável de pragas, são levadas em consideração diversas etapas, que incluem o reconhecimento das pragas-chave com estudos taxonômicos e biológicos, o estudo dos fatores climáticos que afetam a dinâmica populacional da praga, a avaliação dos inimigos naturais, a determinação dos níveis de dano econômico, de controle ou de equilíbrio, a avaliação populacional por meio de amostragens e a avaliação dos métodos mais adequados para o controle da praga-alvo.
Veja também: EBOOK GRATUITO – Tecnologia no Agronegócio
Fonte: Adpatado de Gestão no Campo
Comments